A demonização de Dilma


    Tentei não escrever sobre política nesse período, mas fui vencido pela caneta.

    Não sou do tipo de ser fã de ninguém. Primeiro, sei que as pessoas cometem erros, e se me fanatizo, irei me decepcionar um dia com esse alguém. Não sou fã de Dilma e nem de seu oponente político. Tenho meus ideais políticos, nesse sentido, o candidato que mais me representa é, ainda, o do atual governo.

   Dilma é pouco comunicativa, enquanto que o outro candidato tem explícita oratória. Um bom presidente, em meu ponto de vista, não precisa falar bem, mas saber administrar. Quando há debates, vem a mídia massacrando a candidata que além de pouco jeito aos holofotes tem um semblante sério e de poucas palavras.

    O que me espanta é que desde que o ex-presidente Lula assumiu a liderança desse país começou-se um processo de demonização de seu partido.

    Óbvio que a população não gostaria de ouvir falar em corrupção, mas ela ocorre, sim. E hoje é mais nítida e apurada, diferente de outras épocas. Por isso não era conveniente ter Lula como herói. Houve falhas em seu governo. Como há falhas nesse e como haverá nos próximos, óbvio!

    Em um pensamento dualista entre bem e mal, ideia ultrapassada e cafona, muitos desinformados creem que somente os bolsistas votam no PT, partido esse que foi demonizado pelas grandes mídias. Lembra-me muito o que a igreja fez com as mulheres liberais na idade média. Criou-se o arcaico pensamento de tornar maléfico o atual governo, promovido pela oposição política que quer voltar ao poder a qualquer custo. Daí a velha arma de demonizar, se é que existe esse verbo, que faço jus aqui. Perfeito ato num país pobre em questão do que é fé e religião, regido pelos atrasos de crenças jesuítas.

    Todos os avanços obtidos nesses anos são claros, não há como negar. FHC contribuiu, Lula contribuiu. Fiquemos nesse duelo pobre entre bem e mal onde não há tal lado. Há jogo de poder, de manipulação de mídia... E muitos sem informação saem gritando fora PT. As manifestações ocorridas foram para pedir mudanças. Ora, mudanças não ocorrem do dia para noite e um presidente não pode fazê-las sozinho, a não ser com um golpe de Estado que não é uma opção coerente. Daí a importância do discernimento do voto nos deputados e senadores. Sem falar que houve manifestações em âmbito municipal, exigindo melhorias que seria de âmbito federal ou estadual, ou seja, um grito sem saber a quem. Manifestação sem lógica, nesse caso.

    Demonizar Dilma é, de fato, a maneira mais efetiva de pobreza de espírito de um lado político e de uma mídia de interesses que vêm há anos tentando fazer a população vê-la e a seu partido de uma maneira negativa. Funciona onde crendices populares ainda imperam sobre o bom senso e o mínimo de orientação.


Silvio Titato

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