O tigre preguiçoso
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Sílvio Titato
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013 at 11:13
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O último livro que terminei de ler falava sobre as reflexões
de Franz Kafka (1883-1924), um importante escritor do século XX, nascido em
Praga, República Checa, suas obras foram conhecidas na língua alemã, daí a
confusão de acharem que Kafka era alemão. Em uma das reflexões, Kafka diz: em épocas
de paz não se costuma a chegar a lugar nenhum.
Refletindo
sobre essa afirmação de Kafka, podemos ver que a frase citada tem muito a
declarar. Já percebeu que quando estamos em paz não queremos fazer nada? As
turbulências na vida é que fazem salutares mudanças ocorrerem.
Um
certo tigre, acomodado como ele só, sempre esperava que seus companheiros
trouxessem as suculentas caçadas para ele devorar. Era carne de veado, javali,
zebra... O tigre vivia numa boa, como um verdadeiro parasita, aproveitando os
diferentes cardápios que os amigos traziam. Até que os comparsas resolveram
partir para outro lado da floresta e deixaram o folgado para trás.
Após
quase um dia todo dormindo, o tigre abandonado e faminto, começara a resmungar,
pois sentia a falta dos amigos, ou seja, da comida que eles forneciam. A paz do
tigre havia sido abalada. Resmungou, xingou, mas seu estômago falava mais alto
e teve que se espreguiçar e tentar fazer algo.
Nosso
tigre, sempre acostumado a depender dos outros, teve que caçar seu alimento.
Era despreparado para tal ato. Mas foi! Correu em busca de algo para se
alimentar. Os veados desviam-se facilmente dele, as zebras, em grupo, quase que
o mataram, até um coelho conseguiu fugir. Enfim percebeu que o tempo que ficou
dependendo dos amigos fora um tempo perdido, pois não obtivera experiência
para viver com suas próprias pernas. Deitado novamente e faminto, o tigre
sentia-se em guerra interior e queria resmungar, mas ninguém o ouviria, e
partiu novamente para a caça.
Seus
instintos, nesse momento de profunda guerra interior, voltaram. E em um só
golpe, derrubou uma pobre zebra perdida e a devorou.
O
tigre, outrora preguiçoso, precisou sair de seu comodismo para ter algo. A paz,
mencionada por Kafka, podemos interpretar como comodismo. Somente saindo e
caçando é que teremos triunfo e nossa fome por algo melhor será sanada.
Pedra Sutil
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