Os ditos populares e o ovo almejado


           "Não conte com o ovo na barriga da galinha". Usarei esse dito popular como gancho desta nossa prosa. Utilizarei a palavra ovo no sentido de objetivo e realizações. E quantas vezes esperamos por algo que talvez nem ocorra. E nosso ovo vem choco e estragamos nossas expectativas. Melhor mesmo é criar as galinhas e não expectativas.
            Mas se o ovo estiver mal cozido? “O apressado come cru”. E não esperamos a hora das coisas acontecerem. Foram nove meses para nascermos, mas queremos do dia para a noite determinadas situações resolvidas em nossas vidas. Um bom xarope chamado “tempo” pode ser um bom remédio mesmo. Até para aguardar que o ovo esteja preparado para se tornar omelete.
            Esses ovos, chamados objetivos, que todos temos que perseguir, “cautela nunca é demais”. Há muitas raposas à espreita, querendo disputar nossos preciosos ovinhos.
            Nessas buscas por ovos, existem aqueles que procuram por ovos de ouro e se encantam com uma bijuteria qualquer só porque elas reluzem. Mas esquecem que “nem tudo que reluz é ouro”.
            Mas nessa história toda de ditos populares e ovos nem sempre “os últimos serão os primeiros”. Serão os retardatários. Há vários ninhos a serem conquistados e muitos ovos que poderemos desfrutar. É bom não perder tempo, a concorrência anda desleal.
            Há pessoas que alcançam o ovo almejado e vivem a chocá-lo. Guardam seu ovo e passam a vida sem experimentarem outras possibilidades. Com um ovo se pode fazer omelete, mas também gemada, ovo mexido, cozido... E tantos têm a faca e o ovo nas mãos e não fazem nada. Ops! Mas não seria a faca e o queijo? Tenho aqui minha licença poética...
            Se o ovo já fora alcançado e não há mais meios de utilizá-lo, busquemos outro. Tem ovo de galinha, de pata, de codorna. Há os ambiciosos e atrevidos: os que querem ovo de avestruz. Talvez a vida seja para esses ou para os que tiveram sorte. “Mas não confie na sorte. O triunfo nasce da luta”. Mas quem sou eu para questionar o ovo alheio? Afinal, “cada cabeça, uma sentença.” Caso esteja feliz com seu ovo, ótimo! Se não, tente outro.
            Há a história de um príncipe chamado Pedro que amava muito uma moça chamada Inês de Castro. Essa, pertencente à plebe. O rei, pai de Pedro, não aceitando essa união, mandou matar a moça.
            O ovo de Pedro era o amor de Inês. E já não adiantava mais “chorar sobre o leite derramado”. Pois, o seu ovo havia sido quebrado. E literalmente: “Agora, Inês é morta”.
Não sei o resto da história de Pedro. Mas se o ovo se quebrou e não serve mais, está na hora de almejar outro.
Nesse lance chamado vida é preciso ter espírito aventureiro e sair à caça de novos ovos assim que percebermos que os que temos de nada mais servem. E “nada como um dia após o outro” para arregaçarmos as mangas e caçar novos objetivos. Porém, “quem não tem cão, caça com gato”, ou seja, façamos algo para conquistar cada dia mais ovos possíveis, assim teremos boas histórias para contar e quem sabe decifrarmos se quem veio primeiro foi o ovo ou a galinha.

Pedra Sutil

Facebook Twitter RSS