Ideologia! Eu quero uma pra viver?
Postado por
Sílvio Titato
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014 at 08:37
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Assistindo
ao programa “Café Filosófico” da TV Cultura um dia desses, estavam debatendo
sobre a sociedade burguesa e afirmaram que vivemos esse modelo de sociedade
aqui no Brasil. Nas discussões, comentavam que na sociedade burguesa a forma
sobrepõe o sentido, ou seja, mesmo quando não acreditamos em alguns padrões sociais,
resolvemos segui-los para não confrontarmos o que uma sociedade julga como
correto. Podemos imaginar algumas situações sobre o assunto quando acreditamos
haver um único padrão de família, um único padrão religioso implantado, um
padrão capitalista onde trabalhamos para promover o enriquecimento do outro, orientação
sexual, posição da mulher na sociedade. E muitas vezes excluímos quem não segue
tais parâmetros sociais de família, orientação sexual, religião etc. Percebemos que o que julgam como sociedade
burguesa cheira a hipocrisia. Ou fede, como cantava Cazuza.
Paralelamente,
ao estudarmos a ideologia, verificamos que acabamos aceitando todas essas
influências, visto que ideologia é uma série de concepções que a classe
dominante insere e julga como corretas. E me espanta saber que essas concepções
ocorrem desde a época do Brasil Colônia. No século XVII, por exemplo, ao ensinarem os dogmas do catolicismo aos
escravos, esses era instruídos a rezarem o rosário com a ideia de que os
mistérios intitulados “dolorosos” que essa
reza traz eram para representá-los, pois eram persuadidos a acreditar que
sofriam para um bem maior e os mistérios “gloriosos” eram para os senhores
desses negros que recebiam as dádivas, os bens aqui na Terra.
E
quantas vezes nos conformamos com algumas concepções? Consideramos o suor do
rosto como exemplo de trabalhador. Pessoas que não suam passam a ser ociosas? Mulheres
têm de ser submissas aos homens? Os homens precisam gostar de futebol no
Brasil? Temos que nos matar de trabalhar para enriquecer a outrem? Manda quem
paga mais? Temos que gostar de carnaval porque somos brasileiros? Precisamos
ter uma única religião?
Essas
ideias embutidas em nossas mentes ou a teoria do “é assim mesmo “ que podemos
chamar de ideologia. Por trás dela sempre há uma classe dominante ou um padrão
dominante. Padrão esse que a sociedade burguesa segue ou finge seguir. Digo
fingir pois muitos que não acreditam nesses ideais acabam os seguindo para serem aceitos nesse modelo ideológico de
sociedade, mesmo que por debaixo do pano, ajam de forma distinta aos
comportamentos ostentados no meio social.
Há quem
diga que o mundo está perdido pelas séries de transformações no comportamento
das pessoas. Mas o que esse termo “perdido” pode estar representando é que as
pessoas estão abolindo essas concepções que a burguesia quer nos fazer engolir.
O mundo, portanto, não está perdido. Está em constante movimento e aos poucos
deixando de lado padrões ideológicos burgueses. Talvez hoje as pessoas estão
sendo autênticas e deixando de colocar embaixo do tapete quem realmente são.
Retomando
mais uma vez Cazuza, fico na pergunta que umas de suas músicas sugere: “Ideologia!
Eu quero uma pra viver”? A interrogação fica por minha conta para gerar
exatamente essa ideia de reflexão...
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