Longe

Uma voz oca soa nas ideias
o remédio outrora alívio
passa a ser mortífero
esmago folhas pelos jardins da estrada
quero a luz, mas me esquivo dela
tenho o preto e branco
e me esqueço da aquarela


Uma fé vaga tenta me beijar
apresso o passo e piso brasas
penso muito e tenho pouco
Rouco, tento me lembrar da voz que tive
dos sonhos incompletos
dos medos que me assombravam
e me apego a qualquer migalha de afeto
sem entranhas a me ninar
sou feto
feito de resto de esperança
de resto de vida
E sigo a estrada quente que sangra os pés
peso
penso
observo

A mão que se faz amiga oferece o tapa,
o golpe
Sem norte, caminho a esmo
Longe de mim mesmo...


Pedra Sutil

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