SOTURNO

Descortina-se a lama, o caos do agora
Sofre choros calados a alma que implora
Por migalhas de compreensão
E o ser outrora humano se reflete selva

E a cega esperança se vai, escorre-se pelos dedos
Que trêmulos tentam gesticular um aceno de piedade
Mas a dor segura-os para baixo e se sente o frio do chão
Da solidão que aperta o fígado

Fixo no nada, os olhos cerram-se e se abrem
Na esperança de nunca mais verem a luz
E que a dor se afaste junto do ar que visita as narinas

E que o corte profundo no peito apague de vez o toque do miocárdio



Pedra Sutil

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