É UMA QUESTÃO DE TEMPO

Mas o que é mesmo o tempo? Alguns filósofos o julgam como algo cíclico, que se repete de tempo em tempo. Outros, como alguns voltados ao pensamento cristão, julgam o tempo como linear, chegando portanto a um fim, como por exemplo o fim do mundo, como prega o apocalipse, seria o término do que julgamos o tempo. 
 A explicação do significado do tempo levou vários filósofos a elaborarem ideias a respeito dele. Kant (1724-1804), por exemplo, disse que o tempo, apesar de ser essencial como parte da nossa experiência, é destituído de realidade: "tempo não é algo objetivo. Não é uma substância, nem um acidente, nem uma relação, mas uma condição subjetiva, necessariamente devida à natureza da mente humana.''
Ora, ora... Se o tempo é destituído de realidade por que envelhecemos? Nada mais real são as marcas do envelhecimento, as transformações no corpo humano, observamos tal efeito também na natureza.
Foi necessário a contagem do que chamamos tempo. Demos nome a ele. Sessenta segundos chamamos de minuto, sessenta minutos de uma hora, vinte e quatro horas: o dia. Depois os meses, anos, décadas, séculos. Todos esses nomes são relacionados ao tempo. Ou a passagem dele. 
Cíclico ou linear, o caso é que ele passa, anda, corre. E não para!
Pegando como gancho ainda o que Kant disse que o  tempo é uma subjetividade da mente humana, podemos talvez tentar explicar algumas situações. Quantas vezes pensamos que algo surgiu em tempo errado? Ou quantas vezes através da expressão de que o tempo cura tudo talvez um dia aceitaríamos algumas decepções, mágoas, a morte de alguém querido? 
Dizem que o tempo é o melhor remédio. Mas sua passagem faz com que tomemos remédio. O fato é que ele passa, envelhecemos, terminamos ciclos, começamos outros e findamos o nosso tempo debaixo do sol.
Dizem também que tempo é dinheiro. Desde que inventaram o que chamamos hora, tudo passou a ser cronometrado. Atualmente, temos a impressão que mais do que nunca o tempo é dinheiro. E passamos cada vez mais nos dedicando ao trabalho e mais trabalho,  buscamos o dinheiro que o tempo ganho pode nos oferecer. Gastamos tempo no trabalho em busca do dinheiro para no fim não termos mais tempo e não mais dinheiro, pois linear ou em ciclo o nosso tempo termina um dia.

Russel disse que "O tempo que você gosta de perder não é tempo perdido." Se compararmos tal afirmação de Russel à expressão “tempo é dinheiro”, podemos correr o risco de pensar que o descanso é uma maneira implícita e por que não dizer uma ideologia capitalista de empobrecermos. Mas pobre mesmo será o indivíduo que assistiu esse tal tempo passar e que não tenha deixado nada de útil nessa efêmera passagem que fazemos por aqui. E tudo passará, é uma questão de tempo...

Pedra Sutil





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