Não é só dinheiro
“A gente não quer só dinheiro, a gente quer inteiro e não
pela metade...”
O fato de que demos
vários passos na economia está evidente. Hoje o mundo vê o Brasil com outros
olhos. Muitas famílias passaram a incorporar a classe C, a nova classe média.
Porém, dinheiro sem educação e cultura é dinheiro pela metade. Enfatizarei a
cultura aqui.
Não precisamos ir
muito longe. Em nossa cidade há um imenso prédio que um dia seria nosso teatro
municipal. Seria... Um governo foi, outro veio e aquele elefante branco
sorrindo para nós.
Um final de semana
desses fui ao teatro Assari ver uma peça teatral, porém, não havia meio de
entrar. Pelo que ouvi, os atores haviam apresentado a peça duas vezes e que fariam
três sessões com o risco de uma grande quantidade de pessoas que estavam na
fila quilométrica ficarem de fora. Não quis ver esse desfecho e ficar a ver
navios em vez da peça. Fui embora.
O teatro Assari é
ótimo, mas pelo visto não comporta todas as pessoas que andam se interessando
pela cultura. Vale lembrar que esse teatro recebe o nome de Dona Maria José
Marotti, que foi um ícone na cultura de nossa cidade. Mulher exemplar era
aquela. Fiz canto coral por dois anos com a regência dela. Uma verdadeira
batalhadora, que levantava a cultura de Ibitinga. Precisaríamos, inclusive,
fazer mais homenagens a essa grande mulher. Pessoa rara.
Mas como eu havia
comentado. Precisamos urgentemente de um teatro municipal. Até por uma questão
de alívio, pois quando vemos aquele prédio que um dia poderia ter sido o nosso
teatro... Se fosse. Odeio a palavra se,
aliás. Ela me faz pensar em algo inatingível, nos dá a sensação de impotência.
Quando cito a letra
da música dos Titãs que precisamos de dinheiro inteiro e não pela metade, quero
dizer que dinheiro no bolso e cabeça vazia é lamentável. Um país que
economicamente apresenta uma evolução e que culturalmente deixa a desejar é um
país pela metade. É dinheiro pela metade, é ver seus cidadãos viverem pela
metade. É ter uma sociedade que tem como único interesse o consumo apenas,
enriquecendo o guarda-roupa, a casa, a vista das pessoas. Mas ainda bem pobre
de valores e cultura.
Pedra Sutil
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