A dúvida não é tão cruel
Acredito que a dúvida não seja tão cruel. É no momento da dúvida que agimos com cautela e isso nos priva de muitos erros.
Observe, por exemplo, segundo pesquisas, os acidentes de trânsito ocorrem quando as pessoas já têm conhecimento da estrada onde sofreram os acidentes. Sabe por quê? Porque elas tinham convicção de que conheciam a estrada e deu no que deu. Quando tivermos dúvidas e desconhecermos a estrada, iremos com precaução.
As dúvidas também são sinais de que possibilidades nos são apresentadas.
Ter muita convicção é se limitar demais e não querer ver além... As pessoas que são muito convictas não mudam muito de ideia. Vantagem? Não sei... Observo que não são tantas. Somos abrangidos por um estado de inércia e convicção que nos deixam tão fixos em algo, que, às vezes, nos fazem mal e não conseguimos sair, porque talvez "sonhamos tanto com aquilo", "queríamos tanto...". Talvez não tenhamos visto que o tempo desse sonho que já foi alcançado, já passou, temos que ir atrás de outros, mas nos posicionamos com um tremendo estado de convicção de que era nosso sonho e ideal que morremos na praia com apenas aquela meta atingida, morremos na margem e nunca descobriremos oceanos além daquilo... Não é bom ter tantas certezas e ideias fixas.
A dúvida nos dá o direito de sentir aquele frio na barriga, e por que não dizer: esperança. Talvez sejam as dúvidas que nos movam, impulsionam. As certezas nos fazem parar, acomodar. Enquanto estamos no estado de dúvida, ainda temos duas ou mais situações a seguir, duas ou mais estradas que nos ofereçam algo, daí essa sensação de frio na barriga.
A dúvida não é tão cruel assim, pois nos dá possibilidades de escolhas e enquanto há metas para escolhermos, ainda há vida e nosso barquinho ainda estará velejando no oceano, enquanto que ideias fixas e acomodadas nos fazem parar na praia e muitas vezes é por ali mesmo que morreremos...