Andarilho

Hoje, porém, não cesso de gemer
Gemido de dores, de saudade.
Sou um mísero transeunte.
Apenas mais um que passa.
Um ser que será esquecido,
Amarelado.
Sem ninguém a lamentar por minha morte,
Sem ninguém a chorar em meu túmulo.
Minhas visões são de vultos,
Retalhos de pessoas que passaram,
Que nada deixaram

Sofro pela ausência,
Ausência de mim mesmo
Já não me encontro, não me vejo,
Nem meu rosto está na água,
Narciso ao contrário: o medo do reflexo,
Em nada vejo nexo.
Que ninguém veja isso.
Que ninguém leia as amarguras de um pobre andarilho
Que deixou na estrada o brilho.
Um andarilho que já não anda
Que não deixou marcas
Mas leva para sempre a marca do abandono...


Pedra Sutil

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