Queria estar no país da educação

Com esse conceito de que o Brasil é o país do carnaval e futebol, às vezes, me pergunto: será que sou estrangeiro? Longe de mim ser contra a prática do futebol, mas me questiono sobre esses jogos televisivos, esse futebol comercial.
Analisando alguns patrocinadores do futebol, por exemplo, imaginem essa verba destinada  à cultura ou educação? Poderíamos, quem sabe, levar o título de país da educação e cultura e sairmos do 39º lugar num ranking de 40 países no quesito educação. Talvez me afirmassem: mas educação e cultura não vendem, observe o que a maioria da população assiste, lê (quando o faz), ouve... Pois é, não venderia mesmo...
Em meio a todo pensamento que me povoa a mente sempre e citado anteriormente sobre o futebol, observo o valor que o jogador Neymar fora vendido ao Barcelona: 57 milhões de euros, ou melhor, por volta de 161 milhões de reais. Meu Deus! E saber que receberá por volta de 18 milhões de reais na Europa, aqui recebia por volta de 03 milhões. Acho que é por isso que não curto o futebol televisivo, é discrepante: nós brasileiros, com grande parte da população ainda paupérrima, vivenciamos tais casos. Não é prática esportiva, é puro capitalismo.
Gosto do esporte futebol, apesar de desde os meus dezesseis anos não mais praticá-lo, porém, não concordo com a técnica desse jogo, pois nem sempre quem teve o melhor desempenho ganha. O vencedor será quem mais colocar a bola no gol, apenas. Nesse aspecto, acho o voleibol mais justo, pois um mau desempenho acarretará ponto ao time adversário. Mas o que me toma neste desabafo é o que chamamos de esporte do Brasil, e na verdade, não passa de uma síndrome do capitalismo. Tenho a impressão de que tudo é pelo capital, ou seja, o que atrai maior público, e consequentemente, mais patrocinadores, portanto: mais dinheiro.
Veja abaixo um exemplo de patrocínio, segundo o site Esporte Interativo Yahoo:
“Para chegar ao valor total de patrocínio, o Corinthians tem em seu uniforme quatro marcas estampadas: a Caixa Econômica Federal, que ocupa o espaço do patrocínio máster pagando R$ 30 milhões; a Nike, fornecedora do material esportivo que também tem um contrato de R$ 30 milhões; a Fisk, que estampa sua marca nos ombros por  R$ 12 milhões; e a Tim, que por R$ 2 milhões insere sua marca no número da camisa.
           O Flamengo também tem quatro marcas estampadas no uniforme: a Adidas, a nova fornecedora do material esportivo pagará o valor de R$ 35,6 milhões; A Caixa, que também patrocina o Corinthians, pagará R$ 25 milhões pelo espaço principal, ocupando o peito, o ombro direito e a parte frontal do calção; A Tim, que assim como no Timão, ocupa o número da camisa pelo valor de R$ 2,5 milhões; e a Peugeot, que tem sua marca estampada acima do número dos jogadores, paga R$ 10 milhões.”
Sempre friso nos meus textos aqui sobre o olhar que pomos no futebol e carnaval, por exemplo, enquanto o desviamos de assuntos relevantes. Talvez o que citei acima deva esclarecer o que sempre fui contra: a todo o dinheiro gasto no futebol e o que mais me espanta é que apesar de sabermos dos valores envolvidos nesses jogos, ainda grudamos os olhos na TV para assisti-los. E tem cidadão que ocasiona brigas e mortes por um time que nem mesmo sabe que ele existe. E pensar que esse mesmo cidadão deva ter de salário, talvez em toda a sua vida, o que um jogador famoso ganhe em alguns dias...

Ah, não!! Falando em jogo de futebol, tenho vontade de sair chutando tudo! Mas não posso. A única coisa que posso fazer é pegar meu controle remoto e me dar ao luxo de não ver jogos comerciais. Melhor ainda: nem ligar a TV, quase tudo que tem passado ali é meio “trash”.

 Aldous Huxley diz que: “ A ditadura perfeita terá a aparência de democracia, uma prisão sem muros, na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravatura”.

Silvio Titato

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