O besouro e eu

   Hoje observei um besouro solitário. Reparei que estava imóvel e ressequido, um ser largado à sorte, sozinho, esquecido.
   Nada naquela sala possuía vida, nem mesmo o pobre besouro. A sala estava vazia, somente o rosnar do ventilador e apenas eu a fitar o infeliz inseto. Seu destino era esse: morrer seco ou morrer pisoteado. Ele ficou com a pior parte: morreu seco.
   Morrer seco é estar esquecido. Morrer pisoteado é, apesar da perda da vida, ser lembrado pelo menos por alguém, no caso, o assassino.
   Morrer ressacado é triste... Morrer assassinado também é, mas no caso daquele besouro seria algo quase que poético, pois provaria que em sua existência, alguém o notou, até o pisoteou...
   Pobre besouro seco, velarei por você!


Pedra Sutil 
31-08-2006
  
 

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